O futuro já começou e os indícios de que vivemos o porvir estão disseminados nos meios de comunicação, softwares, aplicativos para celulares, assim como nas recentes conquistas da ciência, afinal, os norte-americanos conseguiram a proeza de colocar uma sonda em Marte nesta semana.
O futurismo – ciência – prega a necessidade de “se decifrar aquilo que você precisa aprender, guardar o que você precisa aprender, e desaprender, quando necessário”
Mas nem só de fatos científicos, como a humanoide exibida em recente programa de TV ou a criação de gêmeos com DNA editado que teriam resultado das pesquisas de um cientista chinês, noticiada também nesta semana, dão foco ao futuro (?) que já vivemos.
Sob o título de “Futurismo, ficção científica ou uma nova maneira de entender o mundo?”, em palestra ocorrida na 1ª Feira do Polo Digital de Manaus, Fabíola Almeida defende que as mudanças de paradigmas ocorridas ao longo das últimas décadas trouxeram o futuro para os dias atuais. O futurismo – que já foi um movimento artístico e literário voltado para a destruição de representações artísticas como a simbolista, impressionista e naturalista – teria status de uma nova ciência, que prega a necessidade de “se decifrar aquilo que você precisa aprender, guardar o que você precisa aprender, e desaprender, quando necessário”.
Fabíola, que é responsável pela disseminação de conteúdo sobre transformação digital do Sebrae-AM, além de ter MBA em Empreendedorismo, Inovação e Criação de Startups, afirma que mudanças já monitoradas na década de 1980, como aquelas apontadas na obra “Megatendências”, de John Naisbitt, que apontava, em 1982, as dez grandes transformações que já estavam ocorrendo na sociedade se confirmaram.
Entre essas transformações detectadas por Naisbitt estavam, por exemplo, a passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade da informação; da tecnologia forçada – e cara, onerosa, de poucos usuários – para a alta tecnologia com grande contato humano; da economia nacional para a economia mundial; da ajuda institucional para a auto-ajuda; da democracia representativa para a democracia participativa, entre outras tendências, apontadas àquela época e que já estão sendo vivenciadas.
Isso tudo, conforme a gestora de conteúdo do Sebrae, já acontecia antes mesmo que a internet se popularizasse, o que só viria a ocorrer nos anos 1990, assim como a massificação dos smartphones. Em outras palavras, antes de 2007, quando Steve Jobs, da Apple, lançou o iPhone e mudou, de novo, não só um segmento industrial, mas a própria sociedade.
Citando Alvin Tofler, autor de “O choque do futuro” e “Terceira onda”, Fabíola reitera requisito do futurismo ao dizer que os analfabetos deste século não são aqueles que não sabem ler e escrever, mas sim quem não souber aprender, desaprender e reaprender.
As tecnologias surgidas nos últimos tempos e que colocam o mundo atual no limiar da quarta revolução industrial, também mudaram o mundo ao acabar com a previsibilidade da vida. Já não se consegue mais delinear uma carreira onde, a partir de um emprego formal, o indivíduo suba os degraus hierárquicos necessários para atingir o ápice e se aposentar – em uma única empresa – isso acabou. As pessoas deixam de lado a hierarquia e passam a trabalhar de forma colaborativa, independente do lugar do mundo em que se encontram.
O aprendizado dura a vida toda e os objetivos foram trocados por propósitos, pela maneira como o indivíduo quer ser visto pela sociedade. O poder mudou de mão e a opinião pública e a necessidade do consumidor fazem com que políticos percam poder e as organizações refaçam, relancem produtos em sintonia com aquilo que o consumidor determina.
A musiquinha da Globo, que anuncia a proximidade de mais um ano novo, nunca esteve tão atualizada: “…o futuro já começou.”
Foto: Reprodução Web/Toda Matéria