Conforme aferido pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas (Sinetram), nos 177 dias deste primeiro semestre de 2017, o transporte coletivo público teve 43 paralisações, incluída a desta segunda-feira, 26, quando 100% da frota não saiu das garagens no horário normal, deixando cerca de 800 mil usuários desse tipo de transporte sem condução para atender seus compromissos, seja de trabalho, educação, saúde ou lazer.
O caso presente se reveste de maior gravidade por se tratar de um movimento ilegal, efetivado à revelia do Tribunal Regional do Trabalho
Por esse balanço de paralisações oferecido pelo Sinetram, na média, o transporte coletivo público esteve paralisado a cada quatro dias, para atender o desejo de uma classe de trabalhadores e dirigentes sindicais que não respeitam seus usuários nem a lei e, a seu arbítrio, praticamente para a cidade e complica a vida dos habitantes de Manaus.
Pior do que o fato em si é a ausência de medidas, por parte do poder público, para coibir esse tipo de desserviço à cidade, já que as paralisações – legais ou ilegais – acontecem cada vez com maior frequência, apesar de majoração no preço da tarifa do serviço concedida pelo município, além dos subsídios oferecidos às empresas.
O caso presente se reveste de maior gravidade por se tratar de um movimento ilegal, efetivado à revelia do Tribunal Regional do Trabalho que, no domingo, 25, proibira qualquer movimento paredista por parte dos rodoviários de Manaus sob pena de sofrerem multa de R$ 100 mil por hora de paralisação.
O sindicato dos rodoviários, cujos representantes não foram encontrados na manhã de segunda-feira, pouco ou nada está ligando para as determinações da Justiça, que em nosso país, é tardia e falha em punir aqueles que descumprem as leis.
Ora, se a Justiça do Trabalho não for similar ao Ibama, que autua infratores com valores altos, mas quase nunca vê a cor do dinheiro das multas aplicadas, o sindicato dos rodoviários deve recolher pelo menos R$ 700 mil aos cofres públicos, considerando o tempo no qual o sistema de transporte público deixou de operar em Manaus nesta segunda-feira.
Na briga entre os rodoviários e o Sinetram, o qual alega não ter pendências com os trabalhadores, quem se torna refém é a população que só soube da paralisação no momento em que foi tomar a condução, já que não houve aviso prévio sobre o movimento paredista. Parece que vivemos em uma terra sem lei, onde cada qual dá seu jeito para obter vantagens.
De outro lado, também há quem diga se tratar de movimentos conectados a ação política, considerando os laços que unem a família do presidente do sindicato dos rodoviários, Givancir Oliveira, e seu irmão vereador, Jaildo dos Rodoviários, a grupos políticos em disputa nas eleições. Independente de tal suposição, o povo continua a sofrer nas paradas de ônibus, ao sol ou sob a chuva, já que grande parte delas nem cobertura tem, ou o ponto de parada se resume a uma placa.
Também chama a atenção a forma como o município aborda o problema das paralisações de ônibus em Manaus, uma vez que, em nota, a prefeitura municipal condicionou ouvir os rodoviários após o retorno da categoria ao trabalho.
Na mesma nota, a Prefeitura Municipal de Manaus afirma sempre ter agido como mediadora entre as empresas e os trabalhadores, para evitar prejuízo à população, às empresas e mesmo aos rodoviários. Só tem um senão aí: o município é o poder concedente e, em razão das falhas nos serviços, já deveria há mais tempo, ter tomado medidas mais severas para resguardar o direito da população e não apenas dos rodoviários ou das empresas de transporte público, como se vê com frequência.