
Um passeio pelo Centro Histórico de Manaus está mais agradável pelos equipamentos urbanos que estão sendo recuperados pelo município, embora não se possa dizer que a qualidade do passeio tenha voltado ao tempo no qual o manauara subia ou descia a avenida Eduardo Ribeiro, ou a 7 de Setembro, assim como ainda se faz na avenida Getúlio Vargas até hoje, sob a sombra de árvores bem cuidadas, podadas, que davam um visual sadio e mais civilizado àquela Manaus dos anos 1960/70.
O aniversário de 350 Anos de Manaus deu à cidade alguns presentes como a reinstalação do Pavilhão Universal na praça Adalberto Valle, defronte ao edifício Tartaruga e animando a clientela de um dos bares mais tradicionais de Manaus: o Jangadeiro. Este, que ficou com o movimento comprometido durante os anos em que a praça à frente esteve interditada pela Prefeitura de Manaus, ganhou, agora, até uma extensão de calçada para conforto de quem frequenta o bar, o qual é animado, no Carnaval, pela Banda do Jangadeiro e que tem no delegado Mariolino Brito um dos animadores, junto com sua banda musical.
A importância da cultura, como se sabe, não está apenas na promoção de festas populares com a contratação de shows de cantores, bandas ou celebridades de outros estados, a preços astronômicos, para animá-las, passa, principalmente, por oferecer oportunidade para as pessoas, com ênfase nos jovens, se promoverem, e a leitura, o estudo é uma das formas mais apropriadas para se obter esse objetivo.
Ver que, também depois de anos de abandono, com o prédio de construção em estilo clássico se deteriorando por ausência de manutenção, a edificação onde funcionou a biblioteca municipal, situada na rua Monsenhor Coutinho, próxima à Praça do Congresso, também está sendo, finalmente, recuperada.
Melhor ainda é ver que, depois de outros tantos anos de abandono, com a estrutura comprometida e tendo suas pistas interditadas para veículos pesados, a ponte que liga o bairro Educandos ao Centro Histórico teve sua recuperação anunciada pela Prefeitura de Manaus. Para isso, no entanto, parece que foi necessário o editorial de um matutino local chamá-la de “A ponte da vergonha”. O nome real da ponte é Antônio Plácido de Souza, mas o estado, a situação na qual se encontra realmente não é uma vergonha. Trata-se de muita falta de vergonha deixar que os riscos para seus usuários cheguem ao nível ao qual chegou.
As mesmas condições podem também ser atribuídas ao porto da Manaus Moderna, que se algum dia o foi, já deve estar sob os mantos do esquecimento tal modernidade. Ali, o poder público esqueceu de tudo: de disponibilizar estrutura, de fiscalizar as estruturas existentes, mas de propriedade particular, as quais, porém, suprem a necessidade dos usuários que embarcam ou desembarcam nas balsas localizadas atrás do Mercado Municipal Adolpho Lisboa.
Com a vazante, usuários e trabalhadores do local sofrem penosamente para acessar os barcos, remover mercadorias, levar suas bagagens a bordo ou retirá-las dos barcos. São lances de escadas com cerca de 50 degraus, em material já gasto e necessitando de reposição urgente. É um acidente (?) anunciado que só falta acontecer.
Pois andando pelo Centro encontra-se também as ruínas da Santa Casa de Misericórdia, abandonada pelos proprietários (?) e pelo poder público, mas abrigando os lascados, os marginalizados, dependentes químicos entre outros, e deixando brecha para moradores de ruas ali se abrigarem. Diante de população carente de tudo, como é o caso, até estacionar o carro no local pode ser meio perigoso, afinal, o Zona Azul não paga seguro para ninguém, até onde se sabe, só arrecada a grana do usuário. Assim, se a ruína da biblioteca municipal está sendo restaurada, a ponte do Educandos vai sê-lo, a Santa Casa se deteriora dia a dia sem nenhuma solução à vista.
A boa notícia é que a capela da Santa Casa, dedicada a Santana, está em vias de começar a ser restaurada. Com o esforço dos eventuais frequentadores, moradores das redondezas que ali assistem novenas ou missas nos fins semana e, principalmente do frei João, já há um projeto em estudo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o qual deve liberar recursos para restaurar a capela.
Mesmo assim, Manaus continua a fazer justiça à canção composta por Áureo Nonato: Minha cidade sorriso!