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Brasil, escândalo, lava-jato, mensalão, ministério, política, Romero Jucá
As crises vividas pelo Brasil no momento não param de causar surpresas, se é que a população ainda consegue se surpreender com tantos escândalos estourando o tempo todo e envolvendo políticos, empresários e autoridades da república.
Depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff e da posse do presidente interino Michel Miguel Temer, os adversários deste se “escandalizaram” pelo fato de Temer não ter incluído em seu ministério nenhuma representante do “mundo feminino”, como o próprio Temer se refere às mulheres. Mas este, parece ser o menor dos escândalos de duas semanas para cá, após a posse.
No texto do século passado, Péres prega que o eleitor tome algumas providências para tirar bom proveito do único instrumento que está a seu alcance – do eleitor – para indicar seus representantes no Executivo e Legislativo: o voto
O escandaloso da vez, agora, é o senador por Roraima e ministro do Planejamento, Romero Jucá, o qual, na semana passada teve seus sigilos fiscal e telefônico quebrados com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda no dia em que o STF autorizou a invasão à privacidade ministerial, Romero Jucá foi questionado, durante entrevista conjunta sobre a economia do país, ao lado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre como se sentia com a medida decretado pelo STF. Jucá afirmou, naquela sexta-feira, 20, que nada tinha a esconder, que estava à vontade ante a investigação contra ele.
Por ter pernas curtas, estórias sem fundamento na realidade não podem ter vida longa e é o que se viu nessa segunda-feira, 23, com a divulgação de telefonema atribuído ao ministro Romero Jucá, onde ele, supostamente, propõe melar a operação Lava-Jato. O ministro negou que se tratasse desse tipo de coisa.
O caso parece ser um replay de outros telefonemas interceptados pelos federais, envolvendo expoentes da vida pública brasileira, tamanha é a frequência com que o cidadão se vê exposto a esse tipo de vexame desde a eclosão do mensalão e depois a do petrolão, para ficarmos apenas em dois dos mais notórios escândalos que atropelaram a administração pública do país, deixando sequelas como a atual crise econômica e política, sem falar na crise moral.
Mas já que falamos desta última, cabe lembrar aqui o desaparecimento de um dos senadores mais probos que já representaram o Amazonas, se tornou referência no Senado Federal quando por lá esteve e que partiu para outro plano lá se vão 8 anos.
É da lavra do senador Jefferson Péres um texto intitulado “Decálogo do eleitor-cidadão”, publicado pela imprensa de Manaus em 9 de agosto de 1998, poucos meses antes da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
No texto do século passado, Péres prega que o eleitor tome algumas providências para tirar bom proveito do único instrumento que está a seu alcance – do eleitor – para indicar seus representantes no Executivo e Legislativo: o voto.
Entre as proposições de Jefferson Péres estão a de procurar conhecer quem são os candidatos à eleição; catequisar outros eleitores para votarem bem; separar política da amizade; nunca pagar favor com voto; não votar sob pressão; não anular voto; deixar preconceitos de lado quando for votar; não se acorrentar a partidos; não se deixar enganar por publicidade milionária e, por fim, rezar antes de votar.
Mesmo escrito dez antes da morte do senador Jefferson Péres, o texto permanece atual, pois as medidas recomendadas não caducaram, embora a que tenhamos de recorrer com maior frequência, em face dos escândalos na política brasileira, talvez seja a décima: rezar, não apenas em busca de inspiração para escolher o melhor candidato, como recomendava o senador, mas principalmente aquela última frase do Pai Nosso: Livrai-nos do mal, amém.
Publicação no Jornal do Commercio e Portal do Holanda em 24/05/2016