O Brasil, apesar de praticar as maiores tarifas no fornecimento do serviço de banda larga na América Latina, não apresenta o mesmo nível de qualidade, tanto no caso da internet quanto em serviços de telefonia celular. Na contramão de outros 16 países avaliados em pesquisa feita pela Associação Internacional de Companhias de Telecomunicação (GSMA), nos últimos anos, os preços por aqui cresceram, enquanto nos demais países da região a tendência foi de queda.
Em duas, das três modalidades de serviços avaliadas pela pesquisa da GSMA, o Brasil teve aumento nos valores da tarifas cobradas. No caso dos serviços de modems, por exemplo, o preço praticado no país é de US$ 32, cerca de R$ 74. Esse valor é quase o dobro do valor médio cobrado nos demais países da região, em torno de US$ 15,60 (R$ 36).
O preço do pacote de banda larga para telefones celulares, com franquia de até 1 gigabyte é cobrado a US$ 24,70 (R$ 57) aqui e a média da região fica em US$ 14,44 (R$ 34).
Para se ter uma ideia da evolução dos preços praticados no Brasil em relação aos países latino-americanos, em 2010, o país tinha o serviço de banda larga para modems classificado como o 8º mais caro na região e ficava como 4º mais barato nos serviços para smartphones.
Desde então, nos países vizinhos, esse preço caiu cerca de 25%, enquanto o preço dos pacotes caíram cerca de 60%. Já no Brasil os serviços ficaram mais caros 28%, informa a pesquisa.
Esses preços demonstram que o país tem uma enorme demanda, com tendência ao crescimento, para utilizar os serviços de internet e telefonia celular. Com essa realidade e a atuação modesta, digamos assim, do órgão regulador, o usuário é que sai prejudicado ao bancar preços altos por serviços de baixa qualidade.
A demanda pelos serviços pode ser exemplificada pelos números exibidos em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad) voltada para internet, com base em dados de 2011.
No caso do Amazonas, de um universo de 894 domicílios pesquisados pelo IBGE, 281 têm computadores e, destes, 208 (74%) utilizam serviço de internet. No entanto a existência e a utilização de telefones celulares é mais massiva. Os domicílios com telefones fixos, naquele universo, é de 193, enquanto os celulares têm participação de 715.
A Pnad-Internet do IBGE também informa que, no Amazonas, 71% dos domicílios têm rádio e 91,5% possuem TV.
É interessante a informação de que, no Brasil, a série numérica da pesquisa desde 2005, demonstra a tendência de crescimento na utilização dos serviços de internet, passando de 20,9%, em 2005, das pessoas com mais de 10 anos de idade que o utilizam, para 46,5% em 2011. No Amazonas, em 2005, eram 10,5%, em 2011 passou para 37,3%.
Com tal crescimento da demanda pode ser explicado o aumento do preço. O que não pode ser explicado, a baixa qualidade, fica por conta da atuação do órgão regulador.
Publicação no Jornal do Commercio, ed. 29/04/2014