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No que diz respeito a energia, o Amazonas, e Manaus em particular, já viveram tempos muito bons e outros de pura mistificação sem que a capital do Estado e a população do enorme interior amazônico seja atendida com serviço de qualidade quando se fala de energia, seja elétrica, a cargo da Eletrobras e subsidiárias, e mesmo a partir do gás, combustível que já foi, em meados da primeira década deste século, o canto da sereia do qual se aproveitaram não poucos políticos para fazer seu marketing de enganação. Manaus foi uma das capitais pioneiras no uso da eletricidade no país, incluindo os bondes elétricos.
Não vai longe, ali por 2004, durante o primeiro governo petista sob a batuta daquele do qual me recuso a dizer o nome, quando se apregoava que o gasoduto Coari-Manaus seria a solução para o sistema termoelétrico de geração de energia para Manaus, com a utilização de um combustível limpo, mais barato e que só dependia do gasoduto para chegar aqui.
Orçado inicialmente em R$ 2,4 bilhões, o gasoduto atingiu a cifra de R$ 4,5 bilhões para cobrir os pouco mais de 660 quilômetros que separam a base Urucu-Coari de Manaus. Em operação desde 2009, de acordo com a Petrobras, o gasoduto abastece, com 5,5 milhões de metros cúbicos diários de gás, as geradoras Manauara, Tambaqui, Jaraqui, Aparecida, Mauá, Cristiano Rocha e Ponta Negra, gerando 760 MW. Agora, consulte o usuário para aferir a satisfação com o serviço de distribuição, a cargo da Eletrobrás.
A chegada do gasoduto a Manaus, mesmo com despesas quase dobradas necessárias para pô-lo em funcionamento e permitir a utilização do gás pelas geradoras na capital, do ponto de vista do consumidor pouca coisa mudou, seja pela falta de qualidade do serviço ou pelas tarifas praticadas, que têm subido sem nenhuma contrapartida de melhoria.
Mas aí veio outra promessa: ligar Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN), a partir de Tucuruí/PA, e resolver, de uma vez, os problemas no fornecimento de energia para a capital. O Linhão de Tucuruí, como ficou conhecida essa conexão, tem cerca de 1.800 quilômetros de extensão, interligado por 3.600 torres, algumas das quais são tão altas quanto a Torre Eiffel, em Paris, como aquelas necessárias para levar os cabos de uma margem a outra do rio Amazonas. O linhão também incluiu a construção de sete subestações, do zero, embora o sistema opere com oito subestações. O custo da proeza, iniciada em 2010, foi de módicos R$ 3 bilhões
Quase oito bilhões de reais em infraestrutura para trazer energia de qualidade a Manaus e a população quase não nota nenhuma diferença entre o antes e o depois, dada a frequência dos apagões a complicar e até inviabilizar a vida dos manauaras. Lembremo-nos dos hospitais.
A situação recorda um pouco as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros, quando a telefonia era estatal e para adquirir uma linha telefônica, o cidadão tinha que virar investidor e fazer uma compra casada de linha e de ações da tal Telebrás, já o serviço era muito ruim, e caro.
No entanto, há quem queira e lute para manter a Eletrobrás sob o guarda-chuva do dinheiro do contribuinte, do usuário, que não tem um serviço adequado e ainda vai ter que cobrir rombos, distribuídos democraticamente entre todos os brasileiros, como aqueles R$ 130 bilhões, investidos no sistema Eletrobrás desde o início dos governos petistas, em 2003. O problema todo é que a estatal, por fatores conhecidos, teve seu valor de mercado reduzido de 57 bilhões de reais para 27 bilhões de reais, com o faturamento encolhendo de 41 bilhões de reais para 32 bilhões de reais. Não vou nem falar dos resultados negativos que se acumulam desde 2012.
É muito dinheiro indo pelo ralo, só porque alguns querem manter a energia sob o comando do governo, mesmo que a incompetência leve a empresa para o buraco.